A NATUREZA CORROMPIDA DO SER HUMANO: DEVE O HOMEM SEGUIR SEUS INSTINTOS?


Pesquisando alguns temas na net acabei deparando-me com um comentário que eu mesmo havia feito sobre um discurso pseudo-teológico e achei interessante compartilhar. Fiz, portanto, algumas alterações e complementações para dar maior sentido, clareza e objetividade ao que me proponho.

Trata-se da velha história do “se não pode vencê-los, junte-se a eles”, agora na versão gospel. O que se faz com um pecado que não consegue ser evitado? Santifica-se o mesmo, chamando-o de “santo” (ou natural). Infelizmente, muitos cristãos, frustrados em tentar vencer suas fraquezas, acabam deixando-se levar pelo discurso falacioso de que o homem deve seguir seus instintos, pois que lhe é inerente à sua natureza e tentar frustrar seus desejos mais primitivos é afrontar a sua própria condição e dignidade humanas. Passa-se então a chamar positivamente de “natural” aquelas condutas contra as quais não conseguimos vencer, como se a ineficácia da lei moral interna resultasse na sua nulidade.

Precisamos lembrar, porém, que o “pecado” também é um instinto “natural” do ser humano cuja natureza fora contaminada desde Adão. Ora, se tudo o que é “natural” deixa de ser pecado pelo simples fato de ser inerente a natureza humana e, sendo, pois, a natureza humana biblicamente descrita como “terrena [próprio da natureza humana], animal [instintiva] e diabólica [influenciada pelo mal] (Tg 3:15), então, não há pecado e devemos seguir nossos instintos mais primitivos e [ir]racionais. Mas não foi exatamente isso o que condenou o mundo na época de Noé? E não foi exatamente contra isso que o profeta Jeremias advertiu-nos dizendo “enganoso é o coração do homem [instinto natural], e corrupto, quem o conhecerá?” (Jr. 17:9). E não é exatamente contra essa natureza “humana”, chamada biblicamente de “carne” que o Apóstolo Paulo afirma que luta ardentemente contra a outra natureza dos renascidos em Cristo chamada natureza “espiritual” ou, como poderíamos denominar, “consciência moral espiritual universal de Deus”? Espírito então agora é sinônimo de Carne?

Lembremos também que o ódio, a ira, a raiva, a violência, a beligerância, a mágoa, o rancor, o ciúme, a inveja, o adultério, a prostituição do corpo, a concupiscência dos olhos, a avareza, a arrogância, a mentira, a malícia, a corrupção e outras coisas semelhantes também fazem parte da natureza humana sendo inerentes a esta. Por que, então, considerá-las erradas, ilegais, pecaminosas ou moralmente reprováveis se são “normais”, próprias do instinto e natureza humanas? Mas também não são essas mesmas que trazem guerras, fome, estupros, doenças, homicídios, suicídios, violação de direitos, desastres ambientais, destruição de lares, desemprego, miséria, acidentes, mutilações entre outras coisas? Logo, de que se queixa o ser humano? E por que este culpa a Deus quando essas coisas acontecem?

Meus amigos e irmãos, só há vida se houver também um sentido para esta, só há paz, só há satisfação e respostas para nossas indagações mais profundas na pessoa de Cristo Jesus, pois Ele é “O” [não “um”] Caminho, “A” [não “uma] Verdade e “A” [não “uma”] Vida (João 14:6 – ênfase minha). Muitos pensadores, poetas, religiosos e filósofos até hoje afirmam não ter encontrado “a Verdade”, e há até quem declare não existir, pois lhes é impossível conceber que a Verdade não é uma filosofia, virtude, religião, doutrina ou pensamento, mas uma Pessoa, um Ser Pessoal que coexiste entre nós e se revela àqueles que O buscam de todo coração.

Existe sim, solução para nossos conflitos interiores, cura para nossas feridas, libertação para nossas fraquezas, paz para nossa consciência e perdão para nossos pecados:

“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32).

A maior dificuldade do ser humano em aceitar isso é porque este tende a querer justificar-se diante de Deus (também da sua consciência e opinião alheia) por suas obras. Impossibilitado, no entanto, de praticá-las e de evitar os seus próprios erros, busca justificá-los para que, de alguma forma, sua consciência o deixe livre para escolher seus próprios caminhos. Não entende, porém, que Deus nos deu o acesso à salvação não por obras, mas por sua Graça (favor imerecido) e Misericórdia, mediante nossa Fé, não em nossos sacrifícios pessoais, mas no sacrifício de Cristo Jesus. A Este, sim, pertence toda a honra, glória e mérito. E é por meio dEle, do que Ele fez que somos justificados diante de Deus e podemos alcançar a vida eterna.

Deixemos, pois, que Cristo nos justifique diante de Deus e dos homens, pois que Ele nos ama e tudo já fez por nós, bastando-nos apenas humildemente aceitar e crer no que Ele fez, faz e continuará a fazer por nós! Nossa natureza terrena é pecaminosa e sempre nos fará tropeçar em muitas coisas, mas nossa fé pode ser santa, perfeita e agradável, se assim desejarmos, e é com isso que Deus se importa.


Leandro Dorneles

Nenhum comentário:

Postar um comentário